Tetra, 1994: Eu estava lá!

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Fiz jornalismo porque sonhava um dia cobrir o Brasil na final de uma Copa do Mundo. O que eu não sabia é que realizaria esse sonho de toda uma carreira no meu primeiro ano de formado.

 

O Jornal da Tarde/Estadão me mandou para os EUA para cobrir o grupo com sede em Los Angeles: Estados Unidos, Suiça, Romênia e a Colômbia. Vi a favorita Colômbia cair diante dos americanos e a Romênia de Hagi brilhar.

 

Vi a Romênia eliminar a Argentina e a depois a Suécia derrotar os Romênia nós pênaltis. Então cobri a Suécia na derrota para o Brasil e fui ver o último treino da Itália antes da decisão da Copa.

 

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Duas grandes questões estavam no ar: os dois craques italianos, Baresi e Baggio, teriam condições de enfrentar o Brasil? O líbero Baresi tinha rompido os ligamentos do joelho no começo da Copa, operou e voltou só pra jogar a final. Baggio tinha estiramento muscular na coxa, jogou a semifinal contra a Bulgária no sacrifício e mal conseguia correr.

 

Colei num jornalista veterano da Gazzetta Dello Sport que deu a letra: os dois iriam jogar. “O Baresi me falou: jogo sim, nem que seja meu último jogo da vida”. Cravei as duas escalações nas páginas do JT e Estadão.

 

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O jogo era só meio-dia de Los Angeles. O motorista do ônibus fretado para a imprensa se perdeu no caminho e eu cheguei em cima da hora no Estádio Rose Biel. Perdi o show da Whitney Houston que rolou antes do jogo.

 

No caminho do centro de imprensa para as tribunas eu e o Luis Prosperi vimos duas notas de dólar caídas no chão. Cada um pegou uma. A dele era de 20 dólares. A minha, de 1 dólar. “Proporcional ao salário”, comentei.

 

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A imprensa brasileira ficou junta, com os jornalistas cariocas mais acima e os paulistas mais abaixo na tribuna. Não tinha cabine, era sob sol a pino. O valor era infernal.

 

Começa o jogo, sai Jorginho entra Cafu, e os jornalistas cariocas começam a xingar o lateral do São Paulo. Em seguida, Bebeto perde gol, e os paulistas xingam o atacante ex-Flamengo e Vasco. E vai a xingação mútua jogo adentro.

 

Quando Romário perde um gol feito após passe de Cafu, a bancada paulista se levanta, olha para trás e vociferar todos os “meus” e “manos” possíveis para a turma do Globo e do Jornal do Brasil.

 

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Chega a prorrogação. Viola entra em uma sacada genial de Parreira e incendeia o jogo modorrento. Mas não tem jeito. Duas horas de zero zero. Vamos aos pênaltis.

 

Quando o Baresi chutou o dele na Lua deu dó, lembrei da frase de ser o último jogo de sua vida. Mas quando Massaro foi cobrar, lembrei de 1982. “Esse aí é a cara do Paolo Rossi. Ele vai errar!”, falei. E Taffarel pegou!

 

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Chega a vez do Baggio. Eu disse: “Vai acabar agora”. Peguei minha máquina com zoom 200, só com meia dúzia de poses no filme, e fiz a sequência de fotos:

 

1) Baggio ajeita a bola;
2) Baggio toma distância;
3) Baggio chuta muito alto;
4) Foto totalmente tremida e fora de foco!

 

Todo mundo se abraçou, paulistas e cariocas choraram juntos, 24 anos de espera, 24 anos de idade, um dia histórico na minha vida!

 

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Depois de mandar todas as reportagens para a redação no Brasil fomos ao hotel da Seleção acompanhar a festa. Quando cheguei o clima estava bem tenso. Os dirigentes da CBF queriam mandar um #chupa geral pra imprensa paulista.

 

“Tetracampeão! Tetracampeão apesar daqueles f.d.p de São Paulo e do Estadão!”, gritava o presidente Ricardo Teixeira. O pau comeu logo em seguida entre jornalistas e cartolas, sob olhares assustados do Romário e do Dunga.



 

Só podia ser Brasil!
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O gigante alemão volta ao Maracanã em busca do gol perdido

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Horst Hrubesch é o técnico da Alemanha na Olimpíada

Horst Hrubesch é o técnico do time de futebol masculino da Alemanha na Olimpíada Rio-2016. Um gigante de 1,88 metro que à beira do campo vai tentar levar o time olímpico alemão à medalha de ouro na final contra o Brasil, em pleno Maracanã, neste sábado. Quer resgatar o fantasma alemão para aterrorizar Neymar e Cia. Outro 7 a 1? Não é bem o estilo de Hrubech. Nem tem time para isso. Sabe como ninguém como jogar com o regulamento.

Para quem não sabe, Hrubesch foi jogador da seleção da Alemanha Ocidental nos anos 80. Era um centroavante típico trombador, para pegar bolas altas, brigar com os zagueiros. Jamais teve a habilidade de um Romário, Roberto Dinamite, Túlio Maravilha, Fred ou outros gênios da grande área do Maraca.

Mas Hrubesch quase, eu disse quaaase entrou para a história do Maracanã. Ele ficou muito perto de marcar um dos gols mais lindos do estádio carioca nos tempos da geral à beira do campo.

Foi no amistoso Brasil x Alemanha Ocidental em março, alguns meses antes da Copa do Mundo de 1982. O Brasil com aquele timaço do Telê, com Júnior, Zico, Oscar. Naquele jogo não jogaram Sócrates, Cerezo nem Falcão. O flamenguista Adílio foi o camisa 8, Careca com a 9, e Mário Sergio com a 11. A Alemanha com o goleiro Schumacher, Hansi Muller, Lothar Matthaus (novinho), Briegel, Littibarski (também novinho).

Campeão da Eurocopa de 1980, naquela partida no Brasil Hrubesch era banco, mas entrou no lugar de Klaus Fischer ainda no primeiro tempo.

O jogo estava amarrado, empatado, dois timaços, quando no meio do segundo tempo a bola veio cruzada da esquerda. O lateral-esquerdo Briegel cruzou uma bola meio tosca, que veio pingando, pingando. Hrubesch parou o corpão e de letra colocou o pé direito por trás da perna esquerda. A bola passou por cima do seu corpo e pegou de surpresa o goleiro brasileiro Waldir Peres e os mais de 150 mil presentes ao Maracanã.

Waldir Peres esticou o corpo todo e com a ponta dos dedos conseguiu jogar a bola por sobre o travessão. A foto da defesa virou até comercial e ajudou a confirmar o goleiro do São Paulo como titular do Brasil na Copa do Mundo da Espanha.

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Hrubesch começou como titular da Alemanha Ocidental naquele Mundial. Foi ele quem fez o gol da vitória alemã sobre a Áustria por 1 a 0 na última rodada da fase de grupos. A partida ficou marcada como “jogo da vergonha”, uma vez que o resultado de 1 a 0 era perfeito para classificar alemães e austríacos e eliminar a Argélia. Depois do gol o gigante, logo aos 10 minutos, as duas equipes nada mais fizeram esperando por 80 minutos o apito final.

Estranhamente, depois daquele jogo Hrubesch perdeu a vaga no time titular. Chegou a chamar o técnico Jupp Derwall de covarde. Só voltou a campo no segundo tempo da histórica partida semifinal contra a França de Platini: 1 a 1 no tempo normal, 3 a 3 na prorrogação. Nos pênaltis, deu Alemanha, com Hrubesch fazendo a última cobrança.

Ele voltou a entrar em campo na final contra a Itália, mas pouco fez diante do time de Paolo Rossi.

Agora treinador de um time de garotos, Hrubesch vai tentar fazer com que seus garotos façam um gol histórico no Maracanã. O gol que ele quase fez.

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Quero uma camisa 3 da seleção

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Mônica, Alexandra Nascimento e Dani Lins

Quando eu era menino tinha uma camisa da seleção brasileira com o número 3 às costas. Era a camisa do Oscar, o zagueiro, na época acho que ele ainda jogava na Ponte Preta. Adorava aquela camisa, que logo ficou pequena e virou trapo. Também na época não existia essa coisa de escrever o nome do jogador nas costas. Mas o Brasil inteiro sabia quem era o nosso camisa 3.

Outro dia vi a foto do menino que rabiscou o nome do Neymar na camisa e escreveu o nome da Marta. Grande ideia. A gente devia mesmo ter à venda camisas com os nomes das nossas estrelas do esporte. Mesmo uma camisa masculina. Ano passado, vi nos Estados Unidos um menino usando a camisa 15 da Megan Rapinoe, a loira do time de futebol campeão do mundo. Por que não aqui?

Sim, deveríamos ter camisas 10 da Marta Brasil afora.

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Esse menino foi esperto

Mas eu prefiro ganhar uma camisa 3 com nome de mulher.

Pode ser a camisa 3 do futebol feminino, da zagueira Mônica, com seu futebol clássico, segurança e liderança.

Pode ser a camisa 3 do vôlei feminino, da Dani Lins, cérebro da equipe brasileira, fundamental na conquista do ouro em 2012, podendo levar o time a mais uma conquista olímpica.

E pode ser a camisa 3 do handebol feminino, da Alexandra Nascimento Martínez, campeã mundial em 2013, melhor jogadora do mundo em 2012, tetracampeã pan-americana, craque com a bola nas mãos, canhota, matadora.

Para vestir a camisa com muito orgulho.

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O que o Brasil pode aprender com Portugal campeão

IMG_20160710_200133445Portugal campeão da Eurocopa 2016! E o que podemos aprender com esta conquista inédita e histórica dos nossos patrícios?

  1. Eurocopa, Copa América, Copa do Mundo não é Brasileirão de pontos corridos. Não tem que ganhar todos os jogos. Tem que se classificar para as oitavas e passar nos mata-mata. Simples assim.
  2. Não dá para ser campeão sem um grande goleiro. Rui Patrício fez a diferença nessa final: defesas elásticas, segurança à zaga e quando precisou de sorte, ela estava lá. O goleiro precisa fazer a diferença.
  3. Não basta ser técnico, tem que participar. Tem que mudar o jeito do time jogar quando é para defender e ser ousado quando é para ganhar. Não dá para esquecer o Dunga ver o barco afundando contra o Peru com duas substituições na manga.
  4. Jogador tem que chamar a responsabilidade. Depois que Cristiano Ronaldo saiu, Pepe, William Carvalho e Nani tomaram conta do time e Portugal não tremeu. E o time tem que saber marcar e ter organização tática.
  5. E a lição mais importante: nas dificuldades é que se vê o grande campeão. Cristiano Ronaldo saiu quebrado, chorando, e o que poderia ser um drama virou combustível. A França se intimidou com a obrigação de ganhar em casa contra um rival sem seu capitão e maior craque. Isso pesou. Portugal soube jogar sem ele e por ele. Ganharam todos.

Não dá para esquecer que neste mesmo Estádio Saint-Denis, em 1998, o Brasil se perdeu diante da convulsão do seu Ronaldo. O reserva Edmundo foi escalado e desescalado. O time entrou em campo sem se aquecer no gramado, sem sentir o clima da Marselhesa. Entrou sem entender nada e quando se deu conta tava 2 a 0 para o Zidane.

Ou os 11 panacas entrando em campo com o boné # Força Neymar para jogar uma semifinal de Copa do Mundo contras Alemanha. Como se Neymar estivesse desenganado em uma UTI, mais para lá do que para cá. Bolas, seja homem é jogue bola!

Queria muito ter visto Ronaldo no banco naquele dia, gritando com o time, e Edmundo e seus parças jogando sem ele e por ele. Ou uma semifinal equilibrada entre dois times determinados a vencer por forças proprias. Mas isso já é história.

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Saudades do Azeita!

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A foto que tiramos juntos na festa da firma

Azeita meu velho!

Já passou um ano, pqp! Sabia que você ia fazer muita falta, mas não sabia que essa falta doía tanto assim. Foi um ano tão foda sem você, principalmente depois da virada, tinha dias que tudo o que eu queria era cruzar contigo na lanchonete para a gente morrer de dar risada, lembrar das histórias do Mazza, do Cabral, do Viveca, os perrengues na PSN, ou simplesmente xingar o Dunga.

Ontem comemoramos dois anos do 7 a 1 que o Brasil levou da Alemanha, hoje é dia de lembrar um ano que o Homem levou você da gente.

Ainda guardo aqui a camisa verde que fiz em tua homenagem. Deu certo, viu? Depois que fui te representar no Allianz Parque o Palmeiras ganhou a Copa do Brasil, acertou o time e tem tudo para levar o Brasileirão.

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Fui ao jogo do Palmeiras para homenagear o grande Rogério Rezeke, o Azeita

Já o meu São Paulo, que desgraça. Caímos na besteira de endeusar um tal de Maicon, o cara se empolgou e jogou nossa Libertadores no lixo cavando uma expulsão ridícula. E o fundo do poço foi ver que depois do jogo a torcida apanhou – da própria torcida! Não dá mais para ir em estádio, AZ.

A Seleção voltou duas casas e agora vai ter que começar tudo de novo com o Tite. O futebol que a gente joga é uma piada perto do que vimos na Copa América e principalmente na Eurocopa e, velho, vai ser difícil sairmos desse buraco.

Acho bom o Brasil apostar tudo em ganhar a Copa de 2022 no Catar.

O Brasil é bom para ganhar Copa em lugar nada a ver, como Suécia, Chile, México, EUA e Japão. Tá certo que a Rússia-2018 também é meio nada a ver, mas a gente está tão atrasado que se classificar já temos de nos dar por satisfeitos.

Zela por nós aê. Ainda quero conhecer seu moleque e entregar a camisa 4 de você, mestre.

Saudades!

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Fiz esta camisa em sua homenagem, AZ!

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Filho do Branco

Soccer - 1994 FIFA World Cup - Final - Brazil v Italy - Rose Bowl, Pasadena

Branco e Romário na conquista do tetra

Eu estava começando na profissão, um pouco assustado, ao mesmo tempo desafiado. Me lembro que no meu primeiro dia na Granja Comary peguei meu bloco de anotações e fui para o campo. O treino da tarde já tinha acabado e uma grande neblina pairava sobre Teresópolis. Cheguei no gramado e o lateral-esquerdo Branco ainda estava por lá, atendendo a alguns fãs e amigos que o cercava.

Esperei a minha vez. O Branco olhou para mim e estendeu as duas mãos, como quem querendo pegar o meu bloquinho. Como eu não entregava o caderno, ele me olhou como uma cara de espanto. “Não quero seu autógrafo. Vim te entrevistar”, falei, com minha cara de guri que ainda precisava cumprir os últimos créditos para terminar a faculdade. “Cadê a sua credencial?”, ele perguntou. “Ainda não tenho. Acabei de chegar.” “Então não tem entrevista”, encerrou o Branco, às gargalhadas.

É óbvio que a história logo se espalhou entre os coleguinhas. O Arthur morria de rir quando contava, exagerando, que eu e o Branco puxávamos o bloquinho pra lá e pra cá, querendo um arrancar da mão do outro. Logo virei o “filho do Branco”.

Branco fez o gol da vitória contra a Holanda. Foi o gol do Brasil que eu mais gritei vendo pela TV.

Ele me deu uma entrevista muito legal para um capítulo sobre a carreira dele no meu livro “Os 11 maiores laterais do futebol brasileiro” (Editora Contexto)

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Obrigado, Cruyff! Pode ir buscar sua taça!

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Não vi Garrincha jogar. Nem o Didi.
Não vi Yashin, Puskas, nem Di Stéfano.
O Pelé eu só vi jogar a despedida no Cosmos.
O Zico eu vi. O Maradona e o Platini também, pela TV.

O Cruyff eu não vi.

Só tinha 4 anos quando foi realizada a Copa do Mundo de 1974 e não devo ter vido nada daquele Mundial. Mas me lembro que nos anos seguintes cresci sabendo que aquele homem de nome esquisito (Cróif, Cruijff, Cruyff)  “era o cara”.

Só que o Cruyff não foi à Copa de 1978. Tivesse ido, provavelmente a Holanda não seria “bi-vice”.

A Laranja só voltou a ser grande dez anos depois, com a dupla Van Basten e Gullit. Para alegria de uma legião de fãs pelo mundo. Eu era um deles.

O cara do toque genial, o técnico impulsivo, o homem do impossível, Johan Cruyff partiu neste 24 de março. Nunca se recuperou do 7 a 1 que levou do vício pelo cigarro.

Agora vai cobrar de Deus a derrota naquela final para os alemães.

Cruyff merecia a taça. O futebol também.

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Me escala no lugar do Centurión

IMG_20160221_180732232Caro professor Edgardo Bauza:

No próximo jogo, me escala no lugar do Centurión?

Vai me ajudar realizar o sonho de jogar no São Paulo e, te garanto, ninguém vai perceber.

Não sei jogar bola, mas sei fazer tudo o que o Centurión faz.

Sei correr para pegar lançamento do Ganso, alcançar a bola, abaixar a cabeça, me atrapalhar todo e, na terceira passada, me enroscar com la pelota.

Sei ir à linha de fundo, ver o Calleri correndo para receber no primeiro pau e cruzar direitinho na segunda trave, onde não tem ninguém.

Também sei ficar indeciso entre passar para o centroavante ou chutar a gol, titubeando tempo suficiente para o zagueiro me roubar a bola.

E saio de campo no segundo tempo sem reclamar da substituição, que nem o Centurión faz. E ainda torço para quem entrar no meu lugar fazer o gol da vitória. Assim também ganho bicho integral.

Então no próximo jogo me coloca lá no ataque. Vai que eu dou sorte e faça um gol meio na cagada. Aí um parça meu que é fera em edição de vídeo monta um DVD maneiro, mistura com umas jogadas do Neymar, fica frio, ninguém vai perceber.

E dá até para me vender para a China por um belo par de milhões de euros.

Vai ficar tranquilo e favorável pra nóis, professor!

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Seleção Brasileira feminina é ouro! Sem complexos, livre da ‘martadependência’, e jogando um belo futebol

IMG_20150725_215206863Mais do que a medalha de ouro nos Jogos Pan Americanos de 2015, a seleção brasileira feminina de futebol tem de comemorar o fim do complexo de vira-latas e a independência em relação a Marta. Até pouco tempo, toda vez que as meninas iam decidir alguma coisa, acabavam derrotadas pelo fantasma de pensar que “se a gente não ganhar ninguém mais vai dar apoio ao futebol feminino”. Este pensamento nos custou duas finais olímpicas (2004 e 2008) e uma final de Mundial (2007).

Não, meninas, o futebol feminino não vai afundar se o Brsil perder, e nem vai virar a paixão nacional se o Brasil ganhar. Vai penar ainda por muitos anos no limbo, somos um país esportivamente ignorante, que só liga para o futebol (masculino), mesmo em plena decadência técnica e moral. Fora o futebol, a gente torce para um ou outro que ganha (Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet, Ayrton Senna, Guga Kuerten, Gabriel Medina).

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Em esportes femininos, a luta pelo reconhecimento é ainda mais dura. As atletas brasileiras já foram campeãs mundiais de basquete (1994), bicampeãs olímpicas de vôlei (2008 e 2012), campeãs mundiais de handebol (2013), isso sem falar em Maria Esther Bueno, Maria Lenk e Maurren Maggi. Mas o país nunca fez um reconhecimento justo para essas e outras atletas campeãs.

Ainda vai demorar muito para eu ver o que vi há pouco tempo nos EUA, um menino americano de uns 13 anos vestindo a camisa 15 do seu país com o nome de Rapinoe às costas, homenagem à loirinha Megan Rapinoe, campeã mundial de futebol.

Este ano a Panini lançou o álbum de figurinhas da Copa do Mundo feminina. Pouca gente ficou sabendo, pouca gente comprou. Mas já foi um começo.

É bom perceber que as meninas do Brasil desencanaram desse complexo e estão apenas jogando bola e se divertindo.

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O Brasil hoje tem laterais que sabem apoiar, zagueiras eficientes na marcação, volantes que saem para o jogo e um ataque que perdeu o medo de chutar a gol. Fez um bom Mundial no Canadá, quando Formiga assumiu a liderança da equipe, já que Marta já não é mais o Neymar do time feminino. Aliás, ainda bem. Porque assim a gente descobre que Fabiana e Tamires são excelentes laterais, Monica e Rafaele formam um dupla de zaga segura, Thaísa e Formiga sabem sair jogando, Andressa Alves e Cristiane chutam bem a gol e tem uma tal Andressinha que não para de correr. Ah, e temos a Maurine, que faz até gol olímpico!

Claro, a formação de uma equipe permanente sob o comando do técnico Vadão foi fundamental nessa evolução.

Falta ainda achar uma grande goleira, o que entre as mulheres é algo muito raro. Tirando a americana Hope Solo e a alemã Nadine Angerer, é difícil achar uma goleira capaz de cobrir com segurança os 7,32 x 2,44 metros. Mas dá para sonhar com uma medalha no Rio-2016. Afinal, o Brasil nunca ganhou ouro olímpico no futebol. Não só no masculino, mas também no feminino. E aí, você vai apoiá-las?

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Seleção de Dunga é pior que o time reserva do Lazaroni

Seleção Brasileira na Copa de 1990

Seleção Brasileira na Copa de 1990

Li no Facebook que a seleção do Dunga era a pior desde o time do Lazaroni. Engano. O time do Lazaroni ganhou a Copa América em 1989, fazendo valer o fato de jogar em casa, e enterrando tabu de 40 anos sem o título continental.

O time do Lazaroni tinha Taffarel, Jorginho, Ricardo Gomes, Ricardo Rocha, Branco, Alemão, o próprio Dunga, Silas, Valdo, Bebeto, Romário, Careca, Müller. Jogava fechado na defesa e objetivo no ataque.

Ganhou na Copa América com méritos, batendo a Argentina com Maradona e o Uruguai com Rubén Paz e Francescoli. Na Copa do Mundo de 1990, na Itália, jogou feio e ganhou. Quando jogou bem e bonito, perdeu.


Pois é, o time do Dunga fez dar saudades só time do Lazaroni.

A equipe atual é pior não que a seleção de 1990, mas que os reservas da squadra de Lazaroni. Compare: Jefferson x Acácio. Daniel Alves x (não tinha lateral direito reserva em 1990, então vamos de Luiz Carlos Winck, campeão brasileiro em 1989 pelo Vasco). Thiago Silva e Miranda x Mozer e Aldair. Filipe Luís x Mazinho. Fernandinho, Fred e Elias x Tita, Silas e Bismaeck. Philippe Coutinho, Neymar e Firmino x Bebeto, Romário e Renato Gaúcho.

Quer comparar com o time reserva do tetra? Covardia: Zetti, Cafu, Ricardo Rocha Ronaldão e Leonardo; (sem volante reserva, escalo o Válber), Paulo Sergio e Raí; Müller, Ronaldo Fenômeno e Viola.

Reservas de 1998: Carlos Germano, Zé Carlos, Gonçalves, André Cruz e (não tinha lateral esquerdo reserva, escalo o André Luís ou Athirson); Doriva, Emerson, Zé Roberto e Giovanni; Edmundo e Denílson.

Reservas de 2002: Dida, Belletti, Anderson Polga, (não tinha outro zagueiro reserva, vamos de Cléber) e Júnior; Vampeta, Ricardinho, Juninho Paulista e Denílson; Edílson e Luizão.

Até para os reservas de 2006 o time atual do Brasil apanha. Quer ver? Rogério Ceni, Cicinho, Cris, Luisão e Gilberto; Mineiro, Juninho Pernambucano, Ricardinho e Zé Roberto; Fred e Robinho.

Não dá nem para ganhar do time B que o Dunga levou na Copa de 2010: Doni, Daniel Alves, Thiago Silva, Luisão e Gilberto; Josué, Kleberson, Ramires e Júlio Baptista; Nilmar e Grafite.

O time reserva de 2014 tinha Jefferson, Maicon, Henrique, Dante e Maxwell; Ramires, Paulinho, Hernanes e William. Jo e Bernard. Aí sim acho que da para ganhar.

Sinal de que o nível técnico dos nossos jogadores, titulares ou reservas, vem despencando Copa após Copa.

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